quarta-feira, 19 de julho de 2017

Ó pra mim a ser rebelde!

E após a saga da tiróide maligna que foi morrer a norte seguem-se finalmente os próximos capítulos, que é como quem diz, a radioterapia da mama.

Primeiro passo: consulta com especialista.

Então conte lá, foi operada quando?

“Bem Dr, fui submetida a tumorectomia a 5 de Maio, tirei pontos, abriu a costura, puseram pensinhos para fechar, fiz uma alergia digna de seu nome, esperei uma semana para melhorar, voltei a levar pontos, esperei pela cicatrização, tirei pontos e a mama ficou pronta para a radioterapia. Entretanto havia também algo de errado com a tiróide que não pode ser tratado de antemão. Repeti biópsia, resultado positivo para malignidade. Foi preciso operar de urgência. O mais rápido que se arranjou foi no Porto. Bora lá a isso, apanha o intercidades, bota a tiróide fora. Histologia confirma não um, mas dois nódulos malignos, pois ao que parece o meu corpinho é terreno fértil para cancros. Felizmente não preciso iodo radioactivo, a cicatrização está impecável e por isso estou aqui hoje. Basicamente foi isso…”

Só quando acabo de contar a história toda é que reparo na cara espantada do médico. “Bem, isso bem podia ter sido assim com menos curvas e desvios!”, exclama. Poder podia, mas não era a mesma coisa!

Após observação da cicatrização, explicação sobre o processo e protocolo escolhido, possíveis efeitos secundários da radioterapia (cansaço, esofagite, complicações pulmonares e alguma sensibilidade a nível da pele na zona irradiada) e sobre como vigiar e tentar controlar esses efeitos.

Segundo passo: momento de rebeldia! Bora fazer uma tatoo!!!

Durante toda a minha adolescência quis ter uma tatuagem! Hoje agradeço todos os dias por não a ter feito e ter que conviver diariamente com um golfinho na omoplata ou um desenho tribal no bícepe ou no fundo das costas (ouch)!

 E hoje, mais de 20 anos passados, foi o dia de fazer não uma, mas meia dúzia de tatuagens!!

Antes de se iniciar o tratamento por radioterapia é necessário realizar um TAC onde somos colocadas na posição exacta que terá que ser reproduzida durante todas as sessões. Desta forma é garantido que a zona irradiada é sempre a mesma e a correcta. No meu caso foi também posicionado e recortado um pedaço de uma placa de um material semelhante a gelatina que em todas as sessões será colocado sobre a mama a tratar. A esta “gelatina” dá-se o nome de “bolus”, e tem como objectivo não só homogeneizar a dose de radiação na região, como de reduzir a profundidade de acção da mesma. Ou seja, no fundo será como se estivessem a acrescentar uma camada que o equipamento vê como pertencendo ao nosso corpo. Assim, em vez de a radiação actuar apenas em profundidade (o que aconteceria caso fosse incidida directamente sobre a nossa pele), irá actuar mais à superfície do tecido a tratar, dependendo da espessura do “bolus” utilizado.

E para finalizar, para que durante as 25 sessões tudo seja feito exactamente da mesma forma e no mesmo local, foram então feitas pequenas tatuagens na zona em redor da mama. Estes pequenos pontinhos irão dar aos técnicos as coordenadas necessárias para realizar a radioterapia da forma correcta.

Já que ali estava, ainda tentei convencer os técnicos a fazerem qualquer coisinha mais interessante (sei lá, umas florzinhas ou corações) mas eles insistiram nos pontinhos.


São umas tatuagens aborrecidas, eu sei… mas pensando bem também já não tenho idade para grandes rebeldias!



(Fonte: Pinterest)

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