quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Mandei o cancro de férias

Mandei o cancro de férias.
O Facebook tem andado a chatear-me. "Olha que não dizes nada a ninguém há 42 dias" (a malta ainda acha que te deu o fanico...).
De vez em quando tenho necessidade de mandar o cancro de férias.
Já tentei mandá-lo para a Sibéria com bilhete só de ida, nadar com as baleias na costa do Alaska ou até aos nossos antípodas com direito a passagem directa pelo centro da terra.
Mas ele volta sempre.
Ou é porque tenho uma consulta. Ou porque me dói o corpo (e consequentemente a alma). Ou porque o fígado grita por socorro (já não aguenta mais viver comigo!). Ou porque as 1000 cicatrizes que me enfeitam não me deixam esquecer. Ou porque é difícil não entrar em pânico cada vez que aparece um sintoma que antes do cancro nem me faria parar para pensar mas que, depois do cancro, liga uns alarmes que o malandro activou e que gritam "Alerta Metástases, Alerta Metástases!!!".
E como estou cansada, desta vez dei-lhe um chapéu e o protector solar (que o cancro tem muito medo do sol pois ouviu dizer que pode ter um cancro e pela-se de ter que passar pelos tratamentos!) e mandei-o em busca dos encantos da silly season. Pode ser que ele se maravilhe com os sunsets, festas brancas e outras que tais e fique por lá eternamente!
Eu por cá continuo a trabalhar e a contar os dias para as minhas férias (de preferência sem o cancro atrás).
É que, parecendo que não, preciso de umas férias do cancro.

A imagem pode conter: oceano

Sem comentários:

Enviar um comentário