sexta-feira, 23 de junho de 2017

Hoje é dia de fisioterap(AI)

Uma das melhores decisões que tomei foi a de iniciar a fisioterapia logo após a cirurgia. A fisioterapia não só ajuda na prevenção de aparecimento do temido linfedema (esse assunto fica para outro dia) como ajuda a recuperar a mobilidade total do braço e ombro, que ficam afectadas devido ao esvaziamento axilar.
 
Dias após a cirurgia comecei logo a ficar com o braço "preso", mesmo fazendo todos os exercícios tal como me ensinaram no hospital. Cada vez que tentava esticar e levantar o braço tinha a sensação de que tinha lá dentro um elástico em tensão e prestes a rebentar. E logo, logo, adquiri o look Quasimodo. Toda encurvada e com o braço sempre naquela posição de quem fez demasiado exercício de braços no ginásio e perdeu a capacidade de fechar o sovaquinho. Na parte anterior do braço tinha também uma sensação estranha de dormência e dor em simultâneo (sim, é possível!). Tinha no braço aquele mesma sensação que trazemos na boca após uma ida ao dentista, em que não sentimos os lábios e achamos que estão enooormes mas, em simultâneo, uma dor terrível ao toque, como se a minha pele estivesse queimada.
 
Mas desengane-se quem pense que a fisioterapia é uma coisa divertida! Sim, que isto de recuperar não é suposto ser simples. Sais daqui melhor, mas durante meia hora levas com uma sessão de dor e sofrimento (ok, talvez esteja a exagerar... mas que dói como o caraças lá isso dói!).
 
Rapidamente lhe apanhei a manha! Venho aqui, amassa-me como se de um papo-seco me tratasse, e esta meia hora é um mar de dor tal que no fim a sensação será sempre de alívio ("eh lá, estou muito melhor. Ainda há cinco minutos me doía horrores e agora já só dói um bocadinho"). Ahhh, malandro!
 
O auge de cada sessão era sempre aquele momento em que, após um puxão, se ouvia um "crraaack". Ah e tal, são cordões de aglomerados de vasos linfáticos e cenas e têm que ser quebrados. Engana-me que eu gosto! O comum dos mortais alivia o seu stress rebentando as bolhinhas daqueles plásticos de protecção que normalmente envolvem material delicado. Os fisioterapeutas têm um upgrade da coisa e libertam o stress a estoirar estas coisas nos nossos bracinhos!
 
Apesar de sair de lá sempre com a sensação estranha que ando a pagar para apanhar, continuo a achar que a fisioterapia foi das melhores opções que fiz. Não só foi terapêutico, pois tive oportunidade de descarregar o stress chamando nomes feios a alguém (sempre para dentro, não fosse apanhar em dobro!) como ao fim de algumas sessões recuperei a quase totalidade da mobilidade do braço.
 
E hoje será a última sessão antes da radioterapia e tenho que confessar que vou ter saudades durante este intervalo! No meio disto tudo ainda tive a sorte de apanhar um mega fisioterapeuta cheio de sentido de humor e que tem paciência para ouvir os meus disparates (e vá, até rimos um bocadinho apesar de metade do tempo eu ter vontade de o esganar!).
 
Obrigada José pelo excelente trabalho! (e sim, é um elogio e agradecimento sincero! Não é só "cagufa" que ele leia isto e hoje me dê uma sova em dose extra!)
 
 
 
 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário